terça-feira, 4 de outubro de 2016

Artigo de Opinião - Provas e convicção - bancos e assédio moral


Funcionários de agências que estão fechadas estão sendo obrigados a trabalhar em outras unidades, em bairros distantes

O DIA


Pressão por resultados e cobrança de cumprimento de metas abusivas. Esta é a rotina de trabalhadores bancários. Durante a greve da categoria, iniciada no dia 6 de setembro, a prática não tem sido diferente. O assédio moral é agora utilizado como forma de evitar a adesão à paralisação.

Funcionários de agências que estão fechadas estão sendo obrigados a trabalhar em outras unidades, em bairros distantes. Mais do que isso, são pressionados a cumprir metas de venda de produtos, mesmo sem ter condições básicas de trabalho. Em muitos casos, não há mesas, computadores nem linhas telefônicas disponíveis. A cobrança vem através de ligações telefônicas à noite e mensagens de WhatsApp. Há casos de ameaças de demissão sutis e até mesmo diretas.

O assédio moral expõe o trabalhador a situações humilhantes e opressoras. As novas tecnologias têm agravado essa situação com os patrões exigindo a conexão permanente dos funcionários e cobrando resultados inclusive nos fins de semana e feriados. As metas estabelecidas são, muitas vezes, inalcançáveis, o que leva o bancário a desenvolver a síndrome de Burnout, que causa esgotamento físico e mental.

O setor bancário é o que mais lucra no Brasil, inclusive durante a crise econômica. Enquanto os banqueiros concordam em pagar mais de R$ 1 milhão por mês para alguns executivos, se recusam a negociar reajuste justo e até mesmo a reposição da inflação do período, submetendo a categoria ao arrocho e à pressão.

Toda greve é um direito assegurado pela Constituição Federal, na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e nas Convenções da Organização Internacional do Trabalho. Para defender esse direito e a saúde dos trabalhadores, estamos acompanhando e registrando as posturas antissindicais de determinados bancos. Estamos colhendo as provas, analisando as ações judiciais cabíveis e fortalecendo nossa convicção de que os bancários não cederão a essa cruel pressão.

Adriana Nalesso é presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

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