Os grandes déficits em nutrição, saúde e educação devem ser considerados questão de Estado
O DIA
Rio - Em resposta à pergunta sobre o que mais preocupa os brasileiros, pesquisas registram: o desemprego, a violência, os baixos salários, a corrupção, o medo do futuro. Motivos para isso não faltam. A desigualdade e a carência são traços marcantes na nossa sociedade.
Como, então, enfrentar o explosivo tema social? A responsabilidade, que antes tinha valor individual, começa a ter sentido coletivo. Nenhum segmento pode ficar alheio ao quadro de instabilidade e insegurança. Um desenvolvimento mais humano estará sempre ligado à oportunidade de trabalho, à saúde e à educação. A exclusão social cria fortes tensões; por isso, a sociedade tem que se engajar em amplo pacto para enfrentar problemas que podem gerar ações violentas.
A combinação de vigorosas políticas públicas, um empresariado com responsabilidade social e a sociedade civil com um exército de voluntários poderá contribuir para a erradicação da pobreza e da injustiça. Nosso país necessita de um competente plano econômico e uma política social baseada em pactos dessa natureza. Os grandes déficits em nutrição, saúde e educação devem ser considerados questão de Estado.
Em muitas regiões brasileiras, o elevado grau de desnutrição, os quadros de mortalidade infantil e a falta de acesso dos mais pobres à necessária cobertura médica comprovam a inexistência de sistema ativo e eficiente de saúde pública. Na educação, urgem providências para atacar a evasão e a repetição, sem falar na degradação qualitativa da escola pública.
Considerando a dimensão do país e a escassez dos recursos ou de sua má aplicação, as medidas deveriam objetivar a reforma fiscal, a privatização de empresas públicas, o enxugamento do quadro funcional, a transparência e a avaliação permanente das funções administrativas.
Juros, recessão, câmbio, inflação, tributos, caos fiscal, falta de credibilidade do sistema político, clientelismo partidário e corrupção enquistada nos órgãos do Estado são algumas causas dos problemas que afligem o país. Seria absurdo negar a importância de cada uma dessas questões, mas uma visão profunda da realidade brasileira não se limita apenas à avaliação destes fatores. É necessário considerar análise de natureza ética que está na base da realidade social. Estamos condenados à responsabilidade.
Carlos Alberto Rabaça é sociólogo e professor
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