A prática docente consciente necessita de constante energização e depende da renovação dos votos de amor ao que se faz todos os anos e, por que não, todos os dias
O DIA
Rio - Em outubro fui à cerimônia de Bodas de Prata de um casal amigo. Foi a primeira vez que participei de cerimônia como essa, e achei muito emocionante seu real significado. Após 25 anos de casamento, o casal renova seus votos de amor, fidelidade e compromisso com a relação. Numa cerimônia de Bodas de Prata fala-se sobre um amor já testado a partir do que já se viveu e superou; logo, o “sim” ganha um peso bem maior.
Exatamente no momento em que o casal estava diante do altar dizendo “sim” pela segunda vez, 25 anos depois, veio-me à mente a imagem do professor iniciando um novo ano letivo. Reuniões, planejamentos, arrumação da sala de aula, preparação das atividades iniciais e toda aquela atmosfera que caracteriza o período que antecede o início das aulas. Ocorreu-me naquela hora que a renovação dos votos do professor com a Educação e, mais especificamente, com a sala de aula, deveria preceder todas essas atividades.
Diante do altar da nossa consciência, na presença do ser supremo a que chamamos Deus, nós, professores, precisamos revisitar nosso compromisso, nossa predisposição e, acima de tudo, nosso amor para casarmos com a Educação por mais um ano, já sabedores das agruras de alguns momentos de conflito, dos desgastes causados pelas crises e da força de vontade necessária para seguir em frente, mesmo diante de tudo isso. Em vista do caráter essencial e urgente de que se revestem, as cerimônias de bodas pedagógicas deveriam ser anuais, com alguns momentos de reabastecimento de energias ao longo do ano.
Numa cerimônia de bodas pedagógicas não podemos deixar de renovar os votos de compromisso com questões fundamentais à manutenção de uma efetiva aprendizagem de nossos alunos. Começar as aulas contextualizando o novo conteúdo, apresentar os assuntos na prática, pedir aos alunos que expressem os conceitos com suas próprias palavras, avaliar com o intuito de fazer os alunos aprenderem cada vez mais e tratar a disciplina de forma participativa como parte do processo pedagógico são atitudes fundamentais ao sucesso da aprendizagem. A prática docente consciente necessita de constante energização e depende da renovação dos votos de amor ao que se faz todos os anos e, por que não, todos os dias.
Júlio Furtado é professor e escritor
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