Por Laércio Portela em 04/06/2020, 13:45.
A morte de Miguel Otávio Santana da Silva, 5 anos, na terça (4), expõe sem retoques a brutalidade do racismo por trás das desigualdades no Brasil. A criança caiu do 9o andar das Torres Gêmeas, no bairro de São José, centro do Recife, quando procurava a mãe, a trabalhadora doméstica Mirtes Renata Souza, que passeava com os cachorros da patroa Sarí Gaspar Côrte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker.
Presa, pagou fiança de R$ 20 mil para responder em liberdade por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), segundo o delegado Ramon Teixeira, responsável pelo caso.
Nas redes sociais, entidades da sociedade civil e ativistas pelos direitos humanos e antirracistas se manifestaram expondo o racismo estrutural por trás da tragédia da morte de Miguel. Criticando os silêncios e as contradições das elites, da polícia e da mídia.
“A nossa indignação se justifica pela inaceitável negligência e não valorização da vida de uma criança de apenas 5 anos, por ser filho de uma empregada doméstica, mulher negra e pobre. Não seria importante a vigilância e atenção devida aos cuidados que se requer de qualquer adulto para uma criança nessa fase de desenvolvimento?
A situação abre espaço para um debate de classe e de raça, fundamental para a compreensão do que é ser pobre e negro num Brasil que em tempos de pandemia uma mulher negra, para manter o sustento de sua família, precisa sair de casa, levando seu filho de 5 anos , para trabalhar num serviço que não é essencial, e lhe é cobrado os cuidados com os cachorros dos patrões e sentem na pele a negligência e morte do seu próprio filho”
Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares – GAJOP
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