sexta-feira, 3 de julho de 2020

Artigo de Opinião - Basta, Bolsonaro - Germano Oliveira

Não resta mais dúvida. Bolsonaro deseja dar um autogolpe para levar o seu governo para a extrema-direita, muito semelhante às ditaduras fascistas, como a de Chávez, na Venezuela, embora o ministro do STF, Celso de Mello, tenha ido mais longe e comparado essa pretensão com algo semelhante ao regime nazista de Hitler. O decano foi um pouco exagerado, porque Bolsonaro, ignorante como é, não tem capacidade intelectual para fazer algo mais sofisticado. Sua ideologia tacanha, formatada pelo guru trapalhão da Virgínia e seguida por seus aloprados filhos, não passa de arremedo de um projeto fadado a ir para a lata de lixo da história. Ele vai continuar insistindo nessa tese até quando?

Todo final de semana, Bolsonaro faz suas bravatas na Esplanada dos Ministérios, aplaudido pelos “300” da amalucada Sara Winter — que, na verdade, não passam de 30 gatos pingados — ou autoriza os decrépitos seguidores a se armarem, estimulando-os a pregarem o fechamento do Congresso e do STF, como se fosse factível. A sociedade não permitirá que ele tenha sucesso. Não passa de um sonho de uma noite de verão também as falas reverberadas pelo deputado Eduardo, limitadíssimo intelectualmente, de que um cabo e um soldado fecharão o STF, ou que a ruptura está próxima. Balela. As Forças Armadas já disseram que não embarcarão nessa jornada insana. Quem ainda apóia esse grupelho fascista, liderado pelos Bolsonaros, são alguns generais de pijama. Os da ativa, que efetivamente comandam tropas, querem apenas manter o país em paz.

Na verdade, o barulho que Bolsonaro faz é muito conhecido na Justiça como “jus sperniandi” (o direito de espernear) contra o cerco que o STF faz contra ele e os filhos, todos suspeitos de vários crimes. Podem ser condenados à prisão, como é o caso do senador Flávio, acusado até de lavagem de dinheiro. O vereador Carlos também está no foco das investigações que o ministro Alexandre de Moraes faz no caso das fake news: Carluxo é acusado de ser o coordenador do “gabinete do ódio”. Esse grupo conta com a ajuda do irmão Eduardo e de outros deputados, além de blogueiros venais, como Allan dos Santos.


Todos se esquecem de que não estamos em 1964. Desta vez, a sociedade não permitirá que “o ovo da serpente” germine. A democracia brasileira amadureceu, a classe política não endossará essa aventura, o STF não compactuará com medidas inconstitucionais e a sociedade, mais organizada, e melhor informada pela imprensa livre, não permitirá a consolidação desse autogolpe em gestação, por mais fantasioso que ele seja. Basta, Bolsonaro!

Revista IstoÉ  - 10 de junho de 2020 

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