quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Artigo de Opinião - A reforma



Igor Grabois

A reforma trabalhista está sendo aplicada, e como era previsível, categorias como professores e médicos têm sido duramente atingidos. O tal trabalho intermitente se encaixa não apenas para trabalhadores de restaurantes ou de grandes lojas. O regime de plantão dos profissionais de saúde e a remuneração por hora-aula caem como uma luva pros tubarões do ensino e pros donos de hospitais e trambiclínicas, tipo os dr.Cosulta da vida.
São trabalhadores que apenas em um país de exploração tão desenfreada como o nosso podem ser considerados privilegiados. Quem já viveu a incerteza e trabalhar no ensino superior privado, como este que vos escreve, sabe do que estou falando.
Me incomoda muito que gente politizada saia escrevendo nas redes sociais e em páginas de comentários de blogs que o que acontece com médicos e professores é bem feito, pois apoiaram o golpe etc. Esse negócio de culpa coletiva - categorias profissionais, etnias, nacionalidades - é coisa de fascista. Conheci operários metalúrgicos, funcionários públicos, choferes de ônibus, empregadas domésticas apoiando o golpe e dizendo barbaridades sobre a CLT e a previdência. Professores públicos e privados estiveram entre as categorias que mais resistiram, com uma bela greve nacional em março. Ou alguém acha que as invasões da polícia federal nas universidades é pra pegar corrupção?
As entidades médicas, em geral, tiveram um papel vergonhoso e continuam tendo, como no episódio da proibição de novos cursos de medicina. Mas entre os profissionais do SUS tem muita crítica e muita resistência. O sinistro Ricardo Barros não consegue ir a um único evento de saúde coletiva.
Grande parte dos que bateram panela fizeram papel de otário, muitos morrem de vergonha do que fizeram. Outros não. Sabem muito bem o papel que exerceram. Estão aí, fazendo propaganda fascista e querendo pisar na cabeça dos outros.
Independente das posições políticas, defender direitos dos trabalhadores, de que categoria sejam, é obrigação de quem milita e tem consciência política.

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