Alunos de medicina de Jundiaí escancaram seu preconceito
Publicado há 1 dia - em 24 de março de 2016
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Sou fã da Pré-intermed, já participei de algumas como competidor e como torcedor, joguei basquete (meu esporte de criação), handball, competi também no atletismo (medalha de bronze em salto em altura – aqui eu quis me mostrar) e xadrez (nunca perdi uma partida – e mais uma vez quis me mostrar). Me formei em medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e me lembro de sempre ficar ansioso por causa dessa semana que mexia com nossos nervos, mas ao mesmo tempo via certas coisas que realmente eu não concordava, como brigas e agressões entre as torcidas.
Por Eduardo Bhaltasar, do O Prato Feito
E pelo que vi, certas coisas não mudaram nessa competição que acontece uma vez por ano.
Antes de entender o caso, precisamos olhar para uma outra universidade. Como todos sabem, esse ano a Unicamp bateu o recorde de alunos oriundos de escolas públicas e desse total 43% se declararam negros, pardos ou indígenas. O curso de medicina teve um resultado espetacular, pois teve a porcentagem de 88,2% de alunos oriundos de escolas públicas.
A Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ), uma das participantes dessa competição, pisou feio na bola. Alguns alunos que estavam na torcida, numa tentativa de desmoralizar o adversário que no caso era a Unicamp, estamparam no peito as letras C-O-T-A-S. Afinal, pelo que parece, para esses alunos, uma universidade que tem cotas étnicas como política institucional é algo desmoralizante, algo que diminui sua qualidade.
A opinião sobre as políticas afirmativas serem boas ou ruins, certas ou erradas, não é a intenção desse artigo, isso é outra discussão. O tema central é que não existe motivos para que alguém desmoralize a universidade, no caso dela adotar essa política, o aluno e/ou o profissional que é beneficiário desse tipo de política, pois como mostra esse estudo da Unifesp, esse estudo da UnB e esse estudo da Unicamp, cotistas tem o mesmo desempenho ou, em alguns casos, desempenho superior quando comparado aos alunos não-cotistas.
O preconceito racial existe sim entre alguns, e repito alguns, alunos de medicina, eu vivi isso. Piadas racistas eram contadas com certa frequência (e aqui quem me conhece sabe que nunca aceitei), como também racismos escancarados, como certa vez ouvi uma colega dizer: “- Não quero mais atender aquele preto fedido”.
É uma pena ter que ver esse tipo de imagem em pleno século XXI, vindo de uma classe de alunos que serão formadores de opinião em um futuro próximo, pois na sociedade brasileira, quando um médico fala ele é de certa maneira ouvido.
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